segunda-feira, 16 de abril de 2012

batalha espiritual-espiritos territoriais

ESPIRÍTOS TERRITORIAIS

A Primeira batalha espiritual grandemente divulgada de Larry Lea em Candlestick Park, em 1990, teve como um de seus objetivos a expulsão dos “espíritos territoriais” de San Francisco. Além da crença de que são dadas responsabilidades a demônios específicos para que estes oprimam indivíduos, a doutrina dos “espíritos territoriais” defende que há também demônios sobre áreas geográficas, assim como sobre grupos nacionais, étnicos ou tribais, religiosos e até de gerações. De acordo com este ponto de vista é necessário que os cristãos identifiquem estes espíritos e os expulsem.A aceitação desta doutrina pode ter um profundo efeito sobre as estratégias e técnicas evangelísticas de um ministro. Larry Lea investiu milhões de dólares nesta crença, e há muitos outros exemplos que podem ser citados. Evangélicos brasileiros realizaram um movimento nacional e apresentaram uma petição ao presidente Fernando Collor para abolir um feriado de homenagem nacional a uma estátua religiosa, dizendo que sua nação está sob maldição por causa da idolatria institucionalizada ao demônio por trás do ídolo. Em um livro brasileiro sobre batalha espiritual, Gilbert Pickering escreveu a respeito de um encontro pessoal com um demônio que oprimia uma tribo de índios amazonenses, de como a sua vitória sobre esse espírito o levou a evangelizá-los com sucesso (este não é um episódio incomum entre missionários com índios). Um irmão, perito em evangelização de adeptos de um religião não cristã, apresentou um relato detalhado de como ele crê que os rituais desta crença se originaram da experiência ocultista do seu fundador com um poderoso demônio. A sua opinião é que o demônio usou estes rituais para agrilhoar seus adeptos em trevas espirituais. Um homem cristão (que venceu a tentação) em uma ocasião sentiu um tremendo desejo lascivo para com uma criancinha, sem razão aparente. Ele depois descobriu que seu bisavô era um voraz molestador de crianças, que abusou de suas próprias netas. Ele renunciou ao pecado de seus ancestrais em um culto de oração concebido para quebrar as maldições de geração. Frank Perretti dramatizou uma cena onde um escorregadio demônio de luxuria acompanhava uma mulher sedutora que tentava sem sucesso arruinar a moral de um pastor dedicado.
Meu primeiro contato com a idéia de espíritos territoriais ocorreu dez anos antes do encontro com Larry Lea, quando alguns cristãos bem-intencionados convocaram uma reunião semanal de oração para “amarrar” Satanás na área da Baía de San Francisco e trazer a santidade à vida pública através da “batalha espiritual”. Fiquei impressionado com sua preocupação com o crescimento da influência não cristã sobre a região. Buscavam estabelecer a piedade no sistema educacional, na política regional e na mídia, e destronar o espírito de homossexualismo de seu principal centro, San Francisco. Estava feliz por aceitar o convite de participar, mas quando saí da reunião estava perplexo. Havia presumido que seria uma reunião para oração intercessora, mas ao invés a hora foi gasta em repreender Satanás em todas as regiões celestiais superiores por se dirigir diretamente a ele e o “amarrar” verbalmente. O pensamento me assaltou: “Este grupo passa mais tempo falando com Satanás que com Deus”. Desde então, este estilo de batalha espiritual tem proliferado, enquanto o sistema educacional, a política regional, a mídia e principalmente o movimento homossexual têm se afastado mais dos objetivos deste tipo de reunião de oração.
A batalha não é vossa, mas de Deus
Há realmente um demônio de homossexualismo sobre San Francisco? Um espírito de abuso sexual vitima sucessivas gerações de uma linhagem familiar? Há um demônio especifico de adultério em mulherengos ou um espírito demoníaco do álcool nos alcoólatras?
A Bíblia chama a embriaguez e a imoralidade sexual de “obras da carne”, em Gálatas 5.19-21. Colossenses 3.1-10 nos instrui: “despojai-vos” das coisas que são parte do corrupto “velho homem”, que foi crucificado com Cristo. Nunca somos ensinados a lidar com esses comportamentos exorcizando o “espírito de luxúria” ou o “espírito do álcool”.
De fato, Jesus realmente atribuiu o motivo homicida de seus oponentes à sua associação com seu ‘pai, o diabo’(Jo 8.44). João também escreveu sobre ‘Caim, que era do iníquo e assassinou a seu irmão’( I Jo 3.12). Paulo escreveu a Timóteo que aqueles que se opõem aos servos do Senhor estão nos “laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele, para cumprirem a sua vontade” — 2Tm 2.26. Certamente há, então, influência demoníaca quando alguém escolhe pecar, e se uma pessoa repetidamente escolhe pecar ela torna-se escrava do diabo. Mas isso não é o mesmo que admitir que determinados comportamentos são obras de certos espíritos, ou que aqueles comportamentos são eliminados por repreender tais espíritos. Tornamo-nos escravos do pecado por escolher pecar, e nos tornamos livres do pecado quando — pela graça de Deus — escolhermos obedecer a Deus. Portanto, “o diabo me fez agir assim” não é desculpa para o pecado.
Que dizer da atuação de forma organizada sobre regiões, nações, cidades, grupos étnicos e gerações de famílias? Em primeiro lugar, devemos reconhecer que há, de fato, alguma evidência bíblica a favor de espíritos territoriais. Jesus chamou Satanás de “o príncipe de mundo” (Jo 12.31), enquanto Paulo o denominou “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2.2) e “o deus deste século” (2 Co 4.4). Ele é “o sedutor de todo o mundo”, juntamente com seus anjos (Ap 12.9).
Um forte argumento para a crença numa atuação regional de demônios pode ser encontrado no atraso de três semanas do mensageiro angelical a Daniel, que sofreu a oposição do “príncipe da Pérsia” (Daniel 10.12-13). Isso é entendido por muitos eruditos como referindo-se a um príncipe espiritual sobre a nação, raça e terra persa. As duas referências clássicas ao domínio satânico sobre nações terrestres são aquelas atribuídas a Satã quando Isaías e Ezequiel estão se dirigindo aos reis de Babilônia e Tiro (Is 14.12-14; Ez 28.12-16). Um caso interessante de designação diabólica a uma determinada localização geográfica é o da “Legião” (Mc 5.1-20) suplicando a Jesus para não enviá-los para fora da região. O Senhor glorificado chamou Pérgamo de “onde está o trono de Satanás” (Ap 2.13). Jesus também falou sobre a vida religiosa de Esmirna, identificando-a com a sinagoga de Satanás (Ap 2.9-10).
As interpretações destas passagens podem variar entre cristãos sinceros, mas uma coisa é certa; a crença em espíritos territoriais não de deve ser considerada aberrante, como é, por exemplo, o evangelho da saúde e da prosperidade. O assunto nunca deve tornar-se um ponto de divisão entre irmãos em Cristo.
Mas que dizer dos espíritos de geração? Há cinco referências explicitas no Antigo Testamento que prometem que Deus visitará os pecados dos pais nos filhos com punição (Lv 26.39, Jr 32.18), até à quarta geração (Ex 20.5; 34.7; Nm 14.18). Em resultado do pecado de seu pai Cão, os descendentes de Canaã foram amaldiçoados por Noé, e Jacó temeu uma maldição de Isaque sobre a sua linhagem familiar (Gn 9.25; 27.12). Para apoiar a doutrina dos espíritos de geração é preciso inferir que a visitação da punição e o cumprimento da maldição consiste na presença demoníaca visitada aberrante, mas de fato requer um desvio de interpretação. Pode existir alguma evidência no fato de que após a maldição de Samuel ”um espírito maligno” ( 1 Sm 18.10) atormentou Saul. Mas este texto não constitui um argumento conclusivo para a crença de um demônio designado a uma geração amaldiçoada.
Uma instância em que os proponentes desta doutrina se afastam das Escrituras de modo definitivo é a pratica de tentar expulsar estes espíritos. A Bíblia realmente mostra Jesus e Paulo repreendendo verbalmente demônios que possuíam indivíduos fisicamente. Cada um destes foi libertado e, da mesma maneira que o gadareno, ficou “em perfeito juízo”, visto que o materialismo, a imoralidade e a irreverência são o comportamento comum.
Vosso adversário anda em derredor, como leão que ruge...
Amarrar verbalmente o inimigo é também usado para atacar os malfeitores espirituais invisíveis do mundo das trevas. Sei de um pastor que abre cada culto dizendo: “Satanás, eu te amarro para que você não impeça esta reunião em nome de Jesus”. Um irmão em Cristo com boas intenções é sutilmente desencaminhado quando a primeira pessoa a quem se fala num culto de adoração a Deus é Satanás.
Este “amarrar” está baseado em textos que jamais foram entendidos como se aplicando a uma fórmula de repreensão verbal. Apesar de Jesus realmente ter dito que o homem forte deve ser amarrado, em Mateus 12.29, isso se dá pela aproximação do poderoso reino de Deus. Esta metáfora de modo algum instrui os crentes a mudar o mundo através de repreensão verbal.
Em Mateus 16.19 e 18.18 Jesus fala que crentes tem uma autoridade para amarrar que afeta os céus e a terra. Em 18.19 a disciplina da igreja ( que se refere aos que professam ser cristãos) é o sujeito da amarrar e do desatar, e não a batalha espiritual ( que se refere ao domínio demoníaco). No versículo 20 isto se realiza pela oração a Deus, não pelo falar com Satã.
[...] resisti-lhe firmes na fé.
O Senhor realmente afirmou, todavia, que há um conflito de reinos (Mt 12.22-30). Paulo instruiu a igreja em Éfeso sobre a batalha espiritual, contra as maquinações da hierarquia das trevas celestes composta do “diabo”, “principados”, dominadores deste mundo tenebroso” e “forças espirituais do mal” (Ef 6.12). (Talvez espíritos territoriais estejam incluídos nesta lista).
Para travar esta guerra, Paulo diz aos crentes para “ficar firmes” contra eles no poder de Deus, usando Sua armadura. As armas que ele alista para a batalha são: honestidade, justiça, testemunho, segurança da salvação, fé em Deus e domínio das Escrituras. Mas, espere!!!! Isso não é simplesmente a vida de obediência cristã? Onde está o encantamento místico - o contato direto com o sobrenatural? Pareceria que os cristãos que vivem efetivamente sua fé atacam a opressão satânica da sociedade com uma investida violenta, o que a mera repreensão verbal não consegue.
Após descrever a armadura espiritual do cristão, Paulo enfatiza a importância da oração. ë instrutivo examinar a natureza dessa oração. Ele primeiro insta: “com toda oração e súplica, orando em todo no Espírito” (Ef 6.18). A vitória sobre uma hierarquia demoníaca envolve persistência em falar come Deus. Então Paulo continua instando a que se ore “por todos os santos”. Ao orar uns pelos outros, os cristãos combatem os demônios. Nos próximos dois versos, ele pede duas que se ore por ele mesmo, como missionário. A oração dá poder à pregação do evangelho.
Talvez seja exatamente isso o que ocorreu em Northampton, Massachusetts, onde um monumento assevera que lá Jonathan Edwards encontrou o diabo e o venceu. Na Irlanda, Patrício encontrou as feiticeiras druidas, e os celtas reconheceram o poder de Deus como superior. A História relata que após esses dois eventos multidões voltaram-se para Jesus Cristo. Estes homens dedicavam tempo considerável a Deus, mas nunca vi qualquer registro de que eles falavam com o diabo. Tanto bíblica quanto historicamente, então, as batalhas espirituais são vencidas por viver para Deus e falar com Ele na mais diligente intercessão, ao invés de falar com Satanás.

fonte:http://www.creiabrasil.com.br  www.creiabrasil.com.br

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